terça-feira, 1 de julho de 2014

Encontros soturnos

Eu te encontrei de frente ao espelho
chorando e com sangue nas mãos
Assustei-me e meus olhos se alarmaram
Você não levantou a cabeça
e eu perguntei seu nome
Disse que essa era outra história
e não um conto de papel barato
Outro cigarro enquanto você
limpava seu rosto
As luzes piscavam prestes a falhar
e aquele ambiente parecia sujo demais
Seus olhos transmitiam medo
eles não me causavam medo e você
tampouco parecia amedrontado
Eram como negras passagens
para um outro mundo de caos e terror
Suas palavras não eram fáceis
como que uma peça de outro séculos
Não há gravidade para suas reações
como se tudo a sua volta
as paredes grafitadas
a porcelana de cor indefinida
os lambes uns sobre os outros
e as bordas do espelho com ferrugens
como se tudo isso
não lhe fosse suficiente
Os enigmas da noite ecoavam
diante de mim em seus cabelos
em sem ombro e seu piercing
A cada tentativa de comunicação
um soco de indiferença e lassitude...
A madrugada findava
enfim chegava o tempo de ir
Nunca mais cruzaríamos aqui ou
em qualquer outro lugar dessa vida...

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