quarta-feira, 3 de maio de 2017

Canção do último choro

- Isso tudo não é algo significativo
comparado ao infinito conhecido de meus sentimentos...

Entre pedras em chamas
entre gritos de ódio
entre o cheiro de sangue
entre a confusão de se saber viver

Olhos semiabertos para não exagerar
enquanto a humanidade perde sua humanidade
Gritamos para quem?
"Father won't you carry me..."
Não há maneiras de fugir
Não há maneiras de fugir
Eu não consigo me lembrar
dos dias anteriores a guerra
Tudo é vago... tudo é fumaça...

Os últimos sobreviventes
não terão memória
não terão passado
foi tudo consumido
desaparecido no ar... como o próprio ar...

Entre casas em chamas
entre gritos de dor
entre o corpos e sangue
entre o desespero de não se saber viver

Emerge
a vontade de voltar... a vontade de voltar para casa...

quarta-feira, 26 de abril de 2017

A Mesma Jornada

Nascido na tormenta de um subúrbio vazio
As longas sombras do crepúsculo me cobriam
Estrangulado pela ignorância meus gritos não ecoaram
Ninguém me ouviu chorar
Ninguém me viu chegar
Tornei-me incompreendido antes mesmo de caminhar
Sobre essa terra insólita
Atormentado, pela escuridão me criei
Desejando a morte e ignorando as vozes
Sendo criado pelas noites de pesadelos
Eu aprendi a controlar os sonhos
Mas nunca aprendi a lidar com pessoas
Sobrevivi respirando fundo debaixo d'água
Enquanto a noite seguia eu fui me firmando
Minhas raízes procuravam por conhecimentos distintos
E por madrugadas eu sobrevivi...

Os caminhos podem seguir para o perigo
Mas nada de imediato acelera meu coração
A luz da lua é a única luz visível por toda a noite
Eu tenho um pressentimento de que o dia será pior
E o dia será pior
Tornei-me imune ao perigo
Abraçando todos os medos e sangrando minha mão
Tornei-me senhor de mim
Procurando pelas respostas ocultas nas montanhas
A poesia que inalo preenche os vazios do meu ser
Cada palavra que não ouvi tornou-se minha arma
E meu único amigo desaparecia na neblina
O medo do amanhecer me fortalece a cada dia
Enquanto a luz não surge eu vivo
Nas paredes do sótão guardo os vazios das lembranças
Enquanto a luz não surge eu sou invencível...